A Melhor Geração

A Melhor Geração

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Qual é a melhor época dos videogames? A partir dessa pergunta e do título do post você logo deve ter pensado que seria um questionamento sobre qual seria a melhor geração de consoles, que eu iria fomentar as brigas de “sonystas vs caixistas vs nintendistas” com informações tendenciosas, ou mesmo que eu iria simplesmente dizer que a melhor época foi a “era dourada” do convívio entre 8, 16 e 32 bits ao mesmo tempo no mercado. Mas não… nos dias de hoje vivemos na melhor época para os gamers em todos os sentidos e é por um único motivo: estamos todos unidos nas nossas diferenças!

É basicamente isso, mas não é algo tão simples. O pessoal da geração dos anos 1980/1990 e até mesmo de antes pegou essa vertente da indústria do entretenimento em outra época, na qual ela era muito menor (em termos de mercado) e carregada de estereótipos. Videogame, segundo meus pais, “estragava a televisão”, “judiava das vista” (“prejudicava a visão”, em uma tradução livre do português gaúcho para o do resto do mundo) e “era coisa de criança”. Segundo os colegas de colégio, ser viciado (no sentido bom da palavra) em videogame era mais um indício de que o cidadão era nerd (algo muito pejorativo na época). Meninas jogando era coisa de outro mundo, além de ser muito mal visto, porque videogame era “coisa de menino”. Se os pais vissem uma menina jogando, apontavam logo o caminho que levava às bonecas barbie, casinhas e brinquedinhos de cozinha. Tinha ainda um pessoal que dizia que jogos de videogame faziam com que as pessoas ficassem violentas. Bem… a persistência desses é até admirável, porque até hoje alguns continuam repetindo esse absurdo.

Parece pouco, mas a mudança foi absurda, além de muito positiva.

@henrizombie (direita) na época em que videogame ainda era apenas para crianças

@henrizombie (direita) na época em que videogame era “coisa de criança”

Hoje a indústria dos videogames é gigante se comparada à 20/30 anos atrás. Mudanças bacanas aconteceram, e um exemplo delas já pode ser visto em alguns lares: pais e filhos jogando juntos. Confesso que, por uma barreira cultural feita de adamantium e cercada por chamas de uma ave fênix, jamais consegui sequer imaginar meu pai jogando videogame comigo. Na geração atual o panorama está mudando, e entre as opções de lazer em família já está incluída uma jogatina familiar.

Mulheres já jogam videogame e isso não é um problema para a sociedade, pois entretenimento eletrônico não é apenas “coisa de menino”. Inclusive alguns eSports (ex.: Counter Strike) já possuem ligas femininas. E que não me ouçam, mas tem uma mulherada mandando muito melhor do que os marmanjos, algo que, em razão da mesma barreira cultural já mencionada anteriormente, jamais poderia imaginar que aconteceria.

Counter Logic Gaming Red (CLG Red), equipe feminina de CS:GO campeã da ESWC 2015. (Imagem extraída da fanpage do Facebook – facebook.com/CounterLogicGaming/

E finalmente, a parte que me toca: caras de meia-idade (ou um pouco menos) já podem jogar videogame sem ser importunados por convenções sociais inventadas por quem não manja do assunto. Isso porque as crianças que alugavam fitas aos finais de semana, assopravam cartuchos para fazer o jogo funcionar e tinham um mini ataque cardíaco antes do último “game over sem continue” cresceram e continuam mantendo os mesmos hábitos, ou seja, não largaram a jogatina. Justamente por isso é que os pais de hoje jogam e jogarão com seus filhos, e videogame não é e nem nunca mais será coisa de criança. Nós dominamos o mundo, sintam-se parabenizados.

Por fim, a mensagem que eu queria deixar é voltada para os mais jovens (bem mais jovens, porque ainda não sou velho): quando virem algum moço(a) saudosista dizendo “no meu tempo videogame era competitivo, bacana, desafiador, não era pra qualquer um… blá, blá blá”, lembre-se que pais mais velhos ou avós também acham que a infância deles foi melhor, quando não existia microondas, tv colorida, computador, internet, smartphone… Sacou né?

A melhor época para os gamers é a atual, não importa o que digam. Então, tratemos de aproveitar!

About author
Darson Porto

Darson Porto

Gaúcho morando em Curitiba. Servidor público. Começou a jogar videogame aos 3 anos na geração 8 bits. Alterna jogatinas entre PC PS4 e XOne. Gosta de escrever e conversar sobre o tema, além de espalhar a teoria de que videogames são a arte suprema.

Comments
  • Giancarlo Rosa

    Borgotchongo1

    1 de outubro de 2015

    Simplesmente incrível sua matéria. Cada vez que você escreve um novo artigo ele vai ficando cada vez melhor. Eu realmente achava que a melhor época era aquela dos games mais difíceis, com game overs amedrontadores e Passwords infinitos anotados em um caderninho. Mas depois de ler este artigo me toquei que todas as épocas são as melhores, pois cada vez mais o video game está se tornando algo da família.

    Muito bom! Parabéns pelo artigo!

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