Há algumas semanas, lendo um artigo no site Gamevicio (http://goo.gl/PW94CD) sobre características dos games que mais atraem os compradores, tive uma grata surpresa: segundo um estudo da Entertainment Software Association (ESA), o principal motivo que faz o pessoal comprar jogos é a existência de uma história interessante.
Sempre costumo dizer (e aqui neste espaço tenho a chance de me repetir) que jogos são arte, e arte é contar histórias. Apesar de ter “nascido” na 3ª geração dos videogames (NES/Master System), quando a indústria ainda não havia se especializado em criar narrativas primorosas, tomei gosto por esse negócio que vai muito além de um belo visual, jogabilidade interessante e trilha sonora envolvente.
O ser humano, desde que desenvolveu a linguagem, é fascinado por narrativas e “causos”. Aos que duvidam, experimentem chamar uma criança que recém aprendeu a falar e interagir e digam que vão lhe contar uma historinha. Nada monopoliza mais a atenção de alguém do que isso.
Fui uma criança dividida entre três plataformas de entretenimento no início da infância consciente (a partir dos 3 anos): HQ’s da Turma da Mônica, Tio Patinhas e Super-Heróis; uma TV de tubo de 14 polegadas; e um Turbo Game (NES). Os quadrinhos cumpriram uma função alfabetizadora importante – continham histórias -; a TV Manchete, com seus animes e tokusatsus, também me divertiram muito – também continham histórias -; o videogame era a minha chance de participar ativamente daquilo que era narrado, fazendo as coisas do meu jeito e encarando os desafios propostos. Daí vem o motivo pelo qual considero videogames uma forma de arte, ao lado do cinema, da literatura e da pintura/escultura.
Todo mundo que joga videogame percorreu – cada um à sua maneira, na sua geração e no seu tempo -, uma jornada ao longo de várias histórias. Eu poderia dar destaque para algumas que mudaram – e continuam mudando – muitas vidas:
- ajudar Mario e Luigi a salvar a princesa Peach das garras do Bowser, desde “Super Mario Bros”, passando pela revolução 3D de “Super Mario 64”, até “New Super Mario Bros U”, dentre muitos outros jogos da mais popular franquia da Nintendo;
- distribuir tiros de plasma com o Mega Buster de “Mega Man” em suas batalhas contra contra Dr. Willy e Sigma;
- tomar nas mãos o Vampire Killer e comandar os membros da família Belmont em sua eterna luta contra o Conde Drácula na franquia “Castlevania” (menção honrosa para “Castlevania – Simphony Of The Night” do PS1);
- passar por uma estrada enevoada para viver uma história de horror em um lugar chamado “Silent Hill”;
- resolver puzzles em repetidas batalhas Davi x Golias para ajudar Wonder a derrotar os Colossus e salvar Mono em “Shadow of The Colossus”;
- pegar carona na jornada de Kratos em sua vingança contra os Deuses do Olimpo em “God of War”;
- lamentar o destino de Chrono em “Chrono Trigger”, achando injusto que protagonistas sejam sacados prematuramente de uma história;
- acompanhar com emoção a indescritível relação de Joel e Ellie em “The Last of Us”, uma das melhores (se não a melhor) trama pós-apocalíptica da história dos videogames.
O(A) amigo(a) pode ficar encantado(a) somente com gráficos exuberantes, adorar jogos first party casuais sem narrativa nenhuma, ou mesmo contentar-se em ficar quebrando recordes de pontuação em joguinhos de celular. Mas é preciso reconhecer que uma história bem contada tem e sempre terá o seu valor, e quando isso acontece nos videogames, a meu ver, conseguimos alcançar o mais alto patamar artístico e de entretenimento possível.
Roni1
Gostei do texto, fica muito claro a origem dos argumentos que você traz para a discussão. Mas discordo que arte seja contar histórias. Para mim arte tem que te fazer sentir. De qualquer forma, muito bom post! Aguardo a proxima vez!!