Save State, Load State

Save State, Load State

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Tem dias que estou no trabalho, e quando saio mal posso esperar até chegar em casa, ficar de chinelo e bermuda e jogar joguinhos retrô no console original, devidamente ligado em uma tv de tubo estrategicamente posicionada no rack da sala.

Mentira! A verdade é que faço isso usando emulador no pc, com um monitor full hd, controle do Xbox One e abusando do “save state, load state” para fazer o jogo andar com mais fluidez.

Nosso webmaistre e dono do boteco, Ex.mo Sr. Borgotchongo, já escreveu um artigo sobre a trágica morte do game over nos jogos atuais. Mas, quando se trata dos antigos, acho que essa foi a investida mais forte sofrida pelo famoso “fim dos continues”.

Várias vezes já me peguei reclamando da facilidade dos jogos atuais, murmurando contra os checkpoints com autosave a cada 15 segundos e, claro, me vangloriando por ter vivido na por muitos considerada “era dourada dos videogames”, quando as gerações de 8, 16 e 32/64 bits conviveram juntas, e quando – na maioria das vezes – um game over significava alguma penalidade para o jogador.

A pergunta que fica é: será que vivemos em tempos que não comportam mais um forçado reinício de jogo? Lembro de já ter comentado várias vezes com os amigos que “tenho mais jogos para jogar do que tempo de vida disponível para isso”. Esses tempos corridos parecem não deixar outra alternativa a não ser um speed run até nos momentos de entretenimento saudosista, em jogos cuja experiência não era para ser vivida dessa forma.

E para quem acha que o recurso de salvar o jogo é apenas uma trapaça criada com os emuladores, eu citaria o jogo Super Mario Bros 3, que na versão do Nintendinho não comportava esse recurso, mas no console Nintendo 3DS, por exemplo, isso é possível.

Difícil dizer se é um pecado mortal não jogar o jogo exatamente como ele foi concebido, apertando F4 mil vezes para pular aquele precipício que parece impossível de transpor, ou repetindo incansávelmente a luta contra aquele chefe danado que sempre me derrota, em vez de simplesmente aceitar a morte e reiniciar a fase (ou até o jogo inteiro).

Já pareceu ser uma fraqueza epidêmica da geração atual, mas fico inclinado a pensar que o salvamento pode ser algo como uma imposição das novas gerações no sentido de que o jogo precisa sempre progredir, e o retrocesso, o reinício, não seriam uma punição, mas apenas uma experiência cansativa e entediante, em vez de ser desafiadora como sempre achamos que fosse.

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Darson Porto

Darson Porto

Gaúcho morando em Curitiba. Servidor público. Começou a jogar videogame aos 3 anos na geração 8 bits. Alterna jogatinas entre PC PS4 e XOne. Gosta de escrever e conversar sobre o tema, além de espalhar a teoria de que videogames são a arte suprema.

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