Somos todos “e-Sportistas”?

Somos todos “e-Sportistas”?

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Eu poderia começar esse post falando que somos o “país do futebol”, mas por estarmos em um período-apocalíptico-pós-7-a-1 acho que vou segurar esse ímpeto. Então, na dúvida sobre qual esporte nos representa, poderia eu afirmar que estamos nos tornando esportistas eletrônicos? Talvez sim, desde que explique o que isso significa primeiro.

Tenho certeza que boa parte do pessoal da minha geração cresceu ouvindo seus pais dizerem: “quando eu tinha a sua idade, jogava bola desde que levantava de manhã até o anoitecer”. Diante disso, me arrisco a afirmar que você jogou muito menos futebol do que seu pai, e que boa parte desse tempo (se não todo) foi preenchido pelo videogame e/ou pelo computador.

Nos encantamos vivendo várias histórias em jogos single player nos anos 1980/1990 e até depois disso. Nessa época também aconteceram desafios importantíssimos, como aqueles campeonatos de Street Fighter, Mortal Kombat, Superstar Soccer e Rock ’n Roll Racing nos aniversários de amigos/colegas ou na locadora mais próxima de casa.

Sem ligar muito para dados estatísticos wikipedianos, creio que esse foi o nascedouro do que conhecemos como jogo competitivo, pelo menos fora do circuito profissional.

O negócio começa a ficar mais sério por aqui nos idos dos anos 2000, quando a internet chega a um padrão de qualidade razoável e surgem as lan-houses, os santuários que faltavam para os gamers se encontrarem.

Counter-strike 1.6, Starcraft, Age os Empires, Quake, Warcraft, Worms, esses são apenas alguns dos jogos que fizeram muito sucesso nos anos dourados das lan’s. Cada um deles consumiu um bom tempo de vida da gurizada que se entocava em uma lan pra jogar com os amigos.

Counter Strike 1.6

Counter Strike 1.6

Essa cultura há muito tempo já havia dado origem a uma série de campeonatos e competições, nas quais profissionais se enfrentavam em busca das premiações oferecidas pelos organizadores.

A proliferação das competições entre o grande público ocorreu principalmente com a criação dos MOBA’s (Multiplayer Online Battle Arena), como Dota e League of Legends. Em um período como o atual, no qual o multiplayer online já é uma realidade (dispensando a necessidade de ir a uma lan), esses jogos encontraram o cenário ideal para cair no gosto do público.

A parte curiosa disso é que o conceito –  e o grande desafio – desses jogos é executar as mecânicas de jogo com a maior perfeição técnica possível, derrotando os adversários. Quem se engaja nessa missão é considerado “esportista eletrônico” (que joga eSports ou e-Sports).

É isso mesmo, você não está lendo errado. Há um tempo atrás era impossível imaginar que ficar sentado por horas a fio em frente a um computador “jogando” iria ser considerado um esporte. Hoje essa realidade mudou drasticamente.

O protagonismo atual do esporte eletrônico não surgiu de repente: é fruto de pesados investimentos dos fabricantes de equipamentos/acessórios de informática voltados para este nicho, bem como das ligas que organizam os maiores campeonatos internacionais.

Torneio de Dota 2 The Internacional - KeyArena, Seattle Center

Torneio de Dota 2 The Internacional – KeyArena, Seattle Center

Viver do esporte eletrônico talvez seja uma realidade distante em um país como o nosso, mas certamente em outros lugares o panorama é outro. Apenas para ilustrar com um exemplo, a premiação do “The Internacional”, maior torneio de Dota 2 da atualidade, foi de $ 6,616,014 (USD) para a equipe campeã neste ano de 2015. Para se ter uma noção, esse valor supera a premiação oferecida ao clube ganhador da Copa Libertadores da América, que é de $ 5,3 milhões (USD) (http://goo.gl/EDCeI0).

Claro que essa glória e glamour do eSport só chega para aqueles que realmente se esforçam muito, pois ser um profissional não parece nada fácil. A equipe Newbee, campeã do The Internacional de 2014, cultivou durante a preparação para o torneio uma rotina de treinos de 10h30 por dia (http://goo.gl/DErFHS).

Ao que tudo indica, o eSport ainda vai encontrar muito mais terrenos férteis para se desenvolver. No futuro, talvez seja um novo paradigma no que diz respeito a competições. E se por acaso um choque de gerações distanciar nossos costumes dos costumes de nossos filhos, poderemos nos pegar dizendo que quando tínhamos a idade deles, passávamos trancados em uma lan-house/escritório/quarto mandando bala no CS:GO.

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Darson Porto

Darson Porto

Gaúcho morando em Curitiba. Servidor público. Começou a jogar videogame aos 3 anos na geração 8 bits. Alterna jogatinas entre PC PS4 e XOne. Gosta de escrever e conversar sobre o tema, além de espalhar a teoria de que videogames são a arte suprema.

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